sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Colando um coração


          

Aquele espaço lindo, quentinho, especial que você deixa reservado para a pessoa que você imagina ou visualiza que seja o seu grande amor, a pessoa cuja presença será o complemento da sua alma, a solução de seus maus humores eternos, o dono dos seus sorrisos mais lindos, seus abraços mais sinceros, suas emoções mais lindas, suas memórias mais intensas, as fotos mais perfeitas, enfim tudo aquilo que te envolve na felicidade completada por alguém. Então esse mesmo espaço, o mais exclusivo que você tem, é entregue a alguém que simplesmente o destrói, faz uma bagunça e parte, deixando você ali para limpar a algazarra. Depois de tudo arrumado, por mais que você tente, não fica igual como era, fica mais difícil de entrar, os requisitos ficam mais sórdidos, são construídos em meio as lágrimas, as dores uma fortaleza quase impenetrável, então você aprende a ser mais forte, a não entregar para qualquer pessoa, mas mesmo com tudo isso, uma vez ou outra ainda se quebra a cara, mas agora, a dor é menos torturante, porque um dia se aprendeu que caí mais se levanta, que chora mais se recompõe e que nesse caso, deixar acontecer  e torcer para que não erre na próxima é o melhor a ser feito.
                                                                                              Juliana Santiago

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Por favor, não vá!



Subitamente ela encosta seus cabelos loiros e ondulados sobre a sua cama alva, engraçado o contraste que tal cor fazia com seus pensamentos nebulosos, o teto limpo, o silêncio do ar, apenas sua respiração ofegante e aquela ansiedade de a qualquer momento ele entrar por aquela porta, hoje ela precisava enfrentar seus receios, seus medos e tentar seguir em frente, colocar um ponto final em uma história cheia de reticências.
Os minutos passavam lentos, ela ensaiava um texto inteiro na cabeça, tudo aquilo que nesses últimos meses estavam acumulados, entalados para sair. A decisão estava tomada, e era irrevogável. Em meio a seus devaneios ela nem escuta a porta da frente se abrir e a presença dele no quarto.
-Oi amor. – Ele se aproxima e beija sua testa.
Ela fecha os olhos e sente aquele toque, que em tantas vezes fazia seu coração parar de bater ao mesmo tempo que acelerava. Saudades, era a palavra daquela sensação.
-Oi. – Sua voz sai seca, quase que um cuspido rápido.
-Nossa! Hoje foi super acumulado no trabalho, você não tem noção, relatórios, críticas, e muito saco para aguentar meu chefe.
Ele falava tão atribulado que nem se tocava na estátua feminina pousada na sua frente sem representar nenhum estímulo ao seu desabafo pessoal.
E um filme ia passando em sua cabeça. As risadas gostosas que eles davam juntos, tudo que enfrentaram, aquela ideia de amor eterno, a escolha do nome dos filhos, dos bebês correndo pela casa, as brigas terminadas na cama relembrando como seus toques unidos eram perfeitos. E uma lágrima rolou de seus olhos. Uma gota que representava uma história.
Percebendo seu silêncio, ele perguntou:
-Tudo bem Bruna?
Ela engoliu seco. Não estava nada bem. Mas seus lábios selaram, aquele discurso todo tinha ido por água abaixo.
-Bru? - Ele senta do seu lado. Nervoso.
E as palavras sumiram. A única coisa que restou foram lágrimas, aquela gota solitária se transformou em centenas.
Ele abraçou ela, em saber o porquê daquilo tudo.
-Ei, calma. Estou aqui, vai ficar tudo bem.
Ela se aconchega naqueles braços quentes, que tantas vezes a acolheram no frio, na dor e quando ela se sentia sem rumo, ele tinha dado uma direção em sua vida.
-Eu estou confusa. – Ela fala hesitante.
Ele se afasta um pouco, olha em seus olhos e diz firme:
-Como assim?
-Não sei Vitor, não sei. As coisas não eram como antes, os sentimentos não são como antes. As lembranças são a nossa cola mil.
Um texto ensaiado diminuído em três frases. Ele balança a cabeça sem entender, levanta meio atordoado.
-Não estou entendendo nada! Pensava que estava tudo bem.
Ela começa a querer soluçar, ambos sabiam que se ela tivesse um ataque de choro, as palavras ficariam engatadas, então ela respira fundo e prossegue.
-De um tempo atrás, eu venho sentindo a falta do que éramos. Parece que perdemos a essência, como se o tempo tivesse apagado aquilo que nos fez ficar juntos. Dormimos na mesma cama, sobre o mesmo teto, mas parecendo dois estranhos que só rotulam o casal lá fora, mas aqui dentro, são dois desconhecidos que um dia tiveram uma história, não é isso que quero para mim.
-Mas Bruna você sabe como o tempo está corrido, como as coisas não estão fáceis.
-Isso mesmo! – Seu tom se torna mais gritante – Antigamente quando as coisas estavam difíceis o que fazíamos?
Ele se calou. Ambos sabiam a resposta.
-Dávamos a mão e enfrentávamos juntos! E agora? Um segue com seus problemas, até as conquistas estão individualizadas, tudo isso vem me balançando, não estou colocando a culpa em você, eu também sou culpada de deixar isso acontecer. Mas eu não quero uma pessoa, que com um tempo se esqueça do significado de casal. Eu amo você apesar de tudo, mas te garanto, muita coisa mudou. Hoje, já não tenho tanta certeza que é com você que quero continuar minha história.
Ele senta na cama. Era muita coisa de uma vez só. Como se o maior tesouro estivesse escapando de suas mãos.
-Não sei nem o que falar. Eu te amo, e você sabe disso. As coisas aconteceram e eu nem percebi.
-Não percebeu porque não quis. Todos os dias, tentava conversar, reverter a situação, mas já chega.
Ela levanta, vai em direção ao canto do quarto e segura sua mala, com as mãos trêmulas.
-Estou indo, hoje estou seguindo meu rumo, depois vemos como fica nossos poucos bens.
Ele levanta aflito, com os olhos suplicantes.
-Bruna você é tudo que tenho. Meu porto seguro, minha preciosa, é em você que penso ver todos os dias quando saio do trabalho, é por você que dedico todo o meu sacrifício em termos uma vida melhor, é com você que penso ter meus filhos, e puxarem esse sorriso lindo e esse temperamento forte que sempre me conquistou.
Aquele palpitar forte retorna ao seu coração, ela percebe franqueza em seus olhos. E hesita em sair pela porta.
-Me escuta, sei que ambos erraram, eu principalmente! Em não ser capaz de olhar os sinais na minha mulher, na mulher que amo, você merece as maiores felicidades do mundo, e te peço perdão se não estava te proporcionando isso, mas prometo que daqui para frente irei melhorar, te peço só essa chance, se eu falhar você pega suas malas e sai por aquela porta.
Então os seus olhos cruzam, ele se aproxima, e fala em seu ouvido.
-Eu te amo como nunca amarei mais ninguém. Por favor, não vá!
Ela começa a chorar. Era difícil arrancar uma parte dela, alguém que já fazia parte da sua essência. Ela percebe que está onde deveria estar. Que não deveria encontrar nenhum rumo, porque era com ele seu lar.
E ela o beija, aquele beijo apaixonado, como se fosse o primeiro, toque esse único e inexplicável.
-Eu não vou. Eu te amo, e se preciso montaremos nossa história novamente.
E o ponto final, virou reticência novamente. Mas ela sentia algo diferente, que essa reticência, seria de uma história contínua, porque era naqueles braços o qual ela queria estar o resto de seus dias.

                                                                                                                                                               Juliana Santiago

 P.S: Oi gente. É, ando muito sumida do blog. É que ano passado, me dediquei totalmente para o vestibular, e boas novas. Passei, para a UEA – Universidade Estadual do Amazonas, tão sonhada medicina :D E esse ano muitas coisas boas estão acontecendo, graças a Deus, estou fazendo autoescola, (sim, virei de maior haha), e a quentinha: o meu livro Rainha do Drama, pode ser lançado, entre 65 ele está na seleção dos 20 finais, agora é cruzar o dedo para que tudo dê certo. E a mais nova de todas é que estou de volta. Beijos meus amores, e um ótimo carnaval, e que 2013 venha com tudo para todos nós!