quinta-feira, 28 de abril de 2011

O dia final


O barulho era desesperador. Gritos incessantes, choros das pessoas de todas as idades, o que mais doía era que eu não podia ajudar, ninguém podia. Todos estavam perdidos, não sabiam como agir diante daquela cena. Mortos ressuscitando e subindo renovados. Seria aquilo possível ou era alucinação de minha cabeça? 
Seres magníficos sobrevoando sobre o céu, a sua claridade vertia o céu escuro pelas ações do homem para um cenário iluminado. Um ser sentado em um trono, prepotente, imutável, determinado, meus olhos ardiam a tentar olhar para ele, sua expressão trazia uma sensação de amor, mas naqueles instantes Ele olhava para baixo como um pai corrigindo seu filho.
As autoridades tentavam estabelecer a calma em meio ao caos, as atitudes eram em vão, as sirenes passavam intensificando o barulho, os carros andavam nas avenidas desesperados, correndo em direção as respostas, como se pudessem fugir daquela cena, mas o mundo inteiro a presenciava.
-Moça, por favor, o que está acontecendo?- uma senhora puxa minha manga e pergunta em pânico para mim. Eu só estava parada em meio ao cenário observando tudo, sem nenhuma ação, tentando acreditar que aquilo finalmente acontecia, que as palavras que os homens de bíblia embaixo do braço pregavam eram verdadeiras, o que antes eu achava total insanidade.
-Minha senhora, pelo que tudo indica. Jesus voltou.

Juliana Santiago.

P.S: Essa história um dia será real, acredite o fim esta próximo. Não sejamos incrédulos para assumirmos o papel das pessoas desesperadas descritas nessa história, vamos ser aqueles que estarão preparados e prontos para subir com o Pai. História baseada nas descrições do livro de Apocalipse, da bíblia. Foi modificada.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Ele, Deus e o pôr-do-sol

Ele acorda, desliga o despertador, levanta, se espreguiça, toma o café, escova os dentes, toma o banho e sai de casa. Olha o relógio, atrasado, pega a chave do carro e sai em direção ao trabalho, o estresse começa logo cedo, um engarrafamento, ele xinga, perde a razão e chega no trabalho mal disposto, senta na sua cadeira, faz seus afazeres, não fala com ninguém, e responde aos cumprimentos de seus colegas com a cara fechada, e com som uníssono de má vontade. Na hora de ir embora chega, ele sai, não se despede, como se estivesse atrasado para algo, mas não estava, ele não tinha nada para fazer aquela noite, ninguém para sair, seus planos seriam uma maratona de seriados, encomenda de pizza, até a hora de dar sono. Antes de ir para casa ele lembra que precisa ir no banco pagar uma conta, vai de mal humor, e se depara com uma fila enorme, fecha a cara, xinga o gerente e sai sem resolver o problema. No céu, o pôr-do-sol pintava o ceu de alaranjado, o horizonte se estendia ao infinito,  apesar do estresse urbano, aquele cenário parecia uma cena pintada pelo mais conceituado artista, mas ele nem dá bola, como sai apressado ele não repara e topa no pé de uma mendiga que estava sentada na frente do banco, ele ia xinga-lá descontar sua doença de alma, seu desgosto, mas repara no seu olhar fixo para um lugar distante, ele resmunga que ela esta ficando doida, mas curiosa direciona seu olhar para o ponto admirado pela pária das ruas, e se depara com o pôr-do-sol, mas o que lhe chamou a atenção foi a frase que aquela senhora maltratada pela vida, resmunga:
- Deus me mima tanto!
Ele para assustado. Como alguém que tinha tudo para odiar a vida, odiar Deus, agradece por um pôr-do-sol? Ele então lembra de todo seu dia, ele com saúde, com emprego, com tudo certo, não lembrou em um segundo sequer de agradecer a Deus, pelo contrario só se queixou, só deu importância aquilo que era opção e não prioridade, ele anda para o carro cambaleando pelo que acaba de presenciar, olha para o céu, sorri por ter encontrado felicidade em algo tão simples, fecha os olhos e agradece a Deus por tudo que Ele lhe dava, por tudo que Ele dava ao mundo, à todos.

 E você ja parou para agradece-lo hoje?

Juliana Santiago

terça-feira, 19 de abril de 2011

- Ei mamãe acorda!
O pequeno Luís balançava sua mãe de um lado para o outro, pensando que a qualquer instante ela abriria os olhos o jogaria no ar e ririam juntos, como tantas vezes fizeram.
Nenhum sinal.
-Mãe! Mãe!
Ele começava a ficar preocupado, seu pequeno coração de um menino de oito anos, não entendia bem o que se passava, só via os adultos correndo de um lado para o outro, falando no celular, chorando, ele queria entender!
-Ela faleceu. Não faz muito tempo, estamos esperando a ambulância, o IML. Tudo bem, te aguardo, tchau.
Ele escutou seu tio ao celular, ele era pequeno mais ligou tudo na sua cabeça. Sabia que sua mãe estava doente, mas sempre que ele perguntava dela, ela respondia para que ele não se preocupasse que tudo ficaria bem.
E tudo estava bem?
Ele então entende. Não balança-a mais, não fala, não grita, não reage. Apenas deita sua cabeça sobre seu peito e deixa que as lágrimas quentes percorressem seu corpo gélido.
Lembrou de uma conversa que ele tivera com ele, meses atrás. Quando ele subitamente perguntou:
-Mamãe, todo mundo tem um pai, cadê o meu?
-Eu já te expliquei filho, eu não sei onde ele esta, partiu quando você ainda era bebê.
Ele a abraça fortemente, como se nunca fosse deixa-la escapar.
-Eu só tenho você, não deixa eu ficar so.
-Você tem do seu lado o maior grandioso ser: Jesus Cristo, mesmo que ninguém esteja por perto Ele sempre estará.
-Precisamos retira-lá. – seu tio fala subitamente, esquecendo da presença do menino, ele tinha se tornado insignificante no meio daquela confusão.
Ele vê as pessoas carregando sua mae, levando-a para longe dele, sua dor era tão grande que ele não sabia exprimi-lá, apenas as lagrimas eram sua reação.
Alguem o abraça, de repente ele sente um calor, um consolo.
-Não se preocupe filho, você nunca estará só.
Ele não conhecia aquela voz, mas era tão familiar.
O ser o larga, ele olha para tentar reconhecer, vê apenas ohos azuis muito intensos abertos para ele, com um amor irrefreável, ele nunca tinha se sentido tão importante.
Sua tia o chama, ele olha para o lado, e vira novamente, não podia perder aquele olhar voltado para ele.
Sumiu. Ele procura em todos os lugares possíveis mas não encontra aquele ser. Ele sorri, e entende que sua mãe estava certa, ele nunca ficaria sozinho afinal.

                                                                                     Juliana Santiago

domingo, 10 de abril de 2011

Em busca de um sonho


Qual o seu maior sonho? Qual o preço que você pagaria para vê-lo sendo realizado? Eu sei o preço que eu pagaria pelo meu. Como reivindicar  tudo que possivelmente atrapalharia meu sonho, mesmo que custe a vontade de meu coração?
Meus olhos fecham, minha mente entra em conflito, porque tenho medo de tomar a decisão errada e me arrepender depois, ou de tentar e acabar pulando minhas prioridades.
Falando em prioridades, eu estabeleci a minha para esse ano, aquilo que tenho que lutar e dar duro para alcançar, ter motivos de viver, e você já fez a sua?
Até que ponto um relacionamento pode atrapalhar nossos motivos iniciais? É preferível esperar que o sonho esteja realizado para que parta para o setor amoroso?
Para compreender o que estou, tenho vários sonhos, uma infindável lista, mas tem aqueles que eu daria sangue e suor para vê-los realizados, como se fosse o impulso para eu viver, o auge deles é passar no vestibular de medicina, e sei que não é fácil por isso tenho que dizer não para algumas coisas, mas não sei  até que ponto alguém pode ajudar ou atrapalhar isso.
Então estou em um conflito pessoal, aquele momento que você tem que fazer uma escolha, e acho que estou pronta para fazer a minha, espero que dessa vez eu acerte.

Juliana Santiago

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ela. Tão perfeita, tão singela e tão megera.

  (...)

-Oi.
Apesar da maestria de falar com pessoas, com ela tudo se resumia a palavras engatadas e tímidas.
-Oi.
Ela vira com um sorriso que tira toda as minhas defesas, eu tinha prometido que agiria diferente, mas como controlar meus sentidos involuntários?
-Eu acho que conheço você.
Seus olhos curiosos vasculhavam minha face e meu corpo atlético buscando vestígios de meu passado, eu conhecia aquele interesse no olhar, percebo que se encaixava igualmente a todas espécies femininas.
-Sim. Sou Robert Moraes, o cara do carro...
-Oh Meu Deus! Você esta fantástico! Parece outra pessoa! Se não fosse suas expressões nunca reconheceria você.
-Obrigado, você também esta ótima!
Eu não estava mentindo.
-O que anda fazendo?
-Eu? Bom depois que sai do colégio fui para o exterior fazer faculdade de gás e petróleo e realizar algumas pesquisas e projetos. Depois do meu doutorado fui chamado para assumir a maior sede brasileira da Petrobrás e bem, aqui estou eu relembrando os velho tempos. E você?
-UAU!- ela fala impressionada. – Eu fiz faculdade de jornalismo e trabalho em um jornal local, nas maiores manchetes.
Seu tom saiu meio baixo, como se tivesse envergonhada perante o meu trabalho.
-Legal! É estranho lembrar do dia em que fui falar com você, tudo poderia ter sido diferente...
A vingança ainda estava ali presente, eu não consegui deixá-la presa a noite inteira. Seu rosto fica vermelho de vergonha, ela tampa o rosto encobrindo-o.
-É, eu sei. Eu nunca tive chance de te pedir perdão, eu era adolescente só não queria ser zoada sabe? Eu sempre te achei um bom garoto, e não queria te machucar. Me desculpa?
-Tudo bem. Eu te entendo, você não queria ser vista como alguém como eu...
-Mas olhe para você agora, está maravilhoso, com uma carreira esplêndida, deve estar com um família linda...
-Estou solteiro.
Interrompo seu discurso eufórico para que ela soubesse de minha disponibilidade emocional. Ela sorri, eu reconheço como um passo para prosseguir.
-Agora que nos reencontramos podemos jantar qualquer dia desses, conheço um bistrô ótimo que inaugurou...
-Esses salgadinhos estão ótimos querida.
Um homem alto chega sorridente perto de Mariana, não percebendo sua interrupção.
-Robert esse é meu marido Mike. Mike esse é um velho amigo de escola Robert.
Ela apresenta os dois de maneira desconcertada, depois de apertar as longas mãos de Mike, abraço Mariana me despedindo dela, possivelmente para sempre.
Os pingos furiosos tocavam fortemente no vidro de meu carro embaçando a visão da estrada. Relembro o sorriso de Mike ao ver Mariana, ela não tem mestrado, nem doutorado, não apareceu em uma revista científica, mas era alguém para compartilhar suas pequenas vitórias, alguém com quem confortar em suas derrotas.
Não estou dizendo que vencer na vida é ruim, pelo contrário! Mas é preciso ter equilíbrio e priorizar as coisas, porque um dia tudo passa e a única coisa que irá restar são os laços que foram plantados ao decorrer da vida, e quais eu plantei e reguei para hoje colher frutos?
De certa forma agradeço a ignorância de uma bela adolescente, ela me deu impulso para mudar, para vencer. Eu estava certo, não precisava provar nada a ninguém, apenas a mim mesmo, porque se eu acredito em mim, as outras pessoas o farão. Eu sou o espelho de como me vêem, eu formo a minha imagem para o mundo, apenas eu e mais ninguém.

“Aprendi que a vida é uma equação, tudo que eu conquisto é a formula, mas o verdadeiro resultado é quem esta do meu lado nesse meio tempo”
                                                 
Juliana Santiago

sábado, 2 de abril de 2011

Ela. Tão perfeita, tão singela e tão megera. - Parte 2

                       (...)
Dez anos haviam se passado desde a ultima vez que vi Mariana, a garota na qual eu fui extremamente apaixonado, mas que cuspiu em meu rosto, as horas longe de festas e “sociais” eram um passo a dentro de meus objetivos, eu não importava com todas as palavras pejorativas que a mim eram lançadas, eu sabia que em seguida seria recompensado dez vezes mais.
-Sr. Robert. Você tem uma reunião daqui a dez minutos com uns investidores.
-Obrigada Rita. - por curiosidade, ela é minha assistente. - Pode me informar o assunto que será tratado, por favor?
-É sobre a nova fonte de biodiesel e os retornos que trarão para a nossa empresa.
Aceno com a minha cabeça, era o sinal para que ela saísse. Por via das dúvidas, sou o presidente de uma das maiores filiais da Petrobrás, com pesquisas inovadoras e descobertas magníficas no ramo de gás e petróleo.
Tiro os sapatos e ando sobre o apartamento limpo, suspiro por ter chego em casa por mais um dia de trabalho, vou ao bar e sirvo uma pequena dose de whisky e me dirijo a janela que me concedia uma vista panorâmica das dimensões que as luzes da cidade concediam aos meus olhos, suspiro e percebo que tinha tudo o que sempre sonhei: dinheiro, mulheres e fama. Mas isso era o suficiente para me manter eternamente feliz?
Aperto o botão vermelho que piscava na minha secretaria eletrônica.
-Oi, aqui é Robert Moraes, não posso atender no momento, deixe seu recado que retornarei assim que possível.
-Oi aqui é Leslie, a noite ontem foi maravilhosa, estava pensando...
Nem escuto o resto, estava cansado demais para ouvir falatórios. Depois de cinco mensagens entediantes que alternava entre mulheres e negócios, a última me chamou a atenção.
-Oi, aqui é do Instituto Acadêmico Desiderato, estou informando a todos os alunos de 1995 para comparecerem a festa de ex-alunos comemorando os 150 anos da instituição, sua presença será muito importante, por favor entre em contato conosco para mais informações, obrigada.
Apesar do tempo, a idéia de revê-la era excitante, um pouco do sentimento de vingança pulsava dentro de minha cabeça, mas era minúsculo perto da curiosidade de ver como ela estava, de poder sentir seu cheiro novamente, ver seu sorriso magnífico e sua risada estridente quando era ela mesma, sem interpretações.
Os dias iam transcorrendo, apesar de ser um homem maduro, me sentia como um adolescente novamente, com as oscilações temperamentais e os constantes picos de ansiedade. Mas se ela não fosse? Tudo teria sido em vão? Mas decidi arriscar, era bom em investimentos, por que não iria acertar dessa vez?
A decoração do ginásio me concedia uma nostalgia, colocar o pé novamente no lugar que originou grande terror na minha adolescência foi um ato que necessitou de extrema superação de meus limites, mas dessa vez era diferente, eu não era mais um perdedor.
Com a ansiedade tinha chegado adiantado, não era acostumado a freqüentar festas do colegial. À medida que as pessoas iam se aglomerando minha necessidade de vê-la ia crescendo, talvez minha obsessão não tivesse acabado, apenas sido enterrada.
Ia revendo algumas pessoas, mas poucas eram a que lembrada de mim, muitas mulheres vinham me conhecer e tentar lembrar se eu estudava com elas, mas todas eram desinteressantes, eu desejava apenas uma, e na maioria das vezes eu tinha o que queria.
Depois de quase desistir, olhei para um crachá de uma mulher a alguns metros de distancia.  Mariana Carvalhes, o mesmo nome que me fizera ficar sem ar só de escutar. As madeixas loiras agora eram um castanho natural, se encontrava em um vestido menos chamativo que o costume, mas nem por isso menos bonito, os anos se passaram, mas tinha um efeito contrário a ela, parecia tê-la deixado ainda mais atraente, como um vinho envelhecido.
Me aproximo ensaiando as palavras na mente, sem me importar com a roda de pessoas que estavam em volta dela (seu imã parecia estar intacto e ainda mais potente)

 Continua...

                                        Juliana Santiago