sexta-feira, 22 de junho de 2012

Sempre assim.


-Você sabe do que estou falando, não sabe?
-Não, não sei, seja mais específica.
-Eu sempre preciso explicar tudo e eu não sou muito paciente, você mais do que ninguém sabe muito bem disso.
-Hum, - ele fala com a palavra de três letras que eu sabia que era o mesmo que: “estou começando a ficar irritado”. Suspiro e sigo na minha narração com a esperança de que não precisaria gastar muitas palavras para chegar no meu objetivo.
-Tudo bem, irei ser mais específica. É que a gente chegou em um ponto de saturação, onde eu empurro as coisas com a barriga, você também, porque nos apegamos ao que vivemos, são as memórias que estão deixando nosso relacionamento em pé.
Ele para por um minuto reflexivo, eu conhecia aquele olhar, era de procura em seu subconsciente para encontrar argumentos que contrariassem minhas ideias. Na verdade, esse é o problema, eu conheço tudo sobre ele, e isso torna tudo mais difícil.
-Deixa eu ver se entendi direito, em outras palavras: você enjoou de mim, certo?
Odeio quando ele faz isso, distorce o que falo, e só escuta o que seus ouvidos querem.
-Bobo.
-O que foi? – ele pergunta atônito sem entender muito minha palavra solitária, acompanhada de um sorriso sutil.
-Você já viu os pássaros enjoarem do céu, ou os peixes enjoarem das águas?
-Amor, lá vem você de novo com essas comparações. Especificidade, esqueceu?
-É porque você nunca entende minha linha de raciocínio. – Deve ser justamente isso que nos mantém por tanto tempo, porque esse contraste nos completa.
-É porque sua linha de raciocínio voa alto, eu sou mais pé no chão. – ele transmite aquele sorriso de canto de boca que me desarma aos poucos.
-Então pelo menos hoje voa comigo?
-Mas todo dia eu voo com você minha pequena, você é a única que tem a capacidade de me tirar da terra.
Minhas bochechas coram instintivamente, as palavras certas que ele sabia exatamente como usar. Ele então pega meu rosto entre suas mãos, e me olha por um período de tempo suficiente para eu perceber que eu o queria ali, para sempre do meu lado.
-Eu te amo. – falo com convicção.
-Não faz nem três minutos que você queria me largar. – ele sorri brincalhão.
-Mas é isso que eu estava te explicando desde o começo, a parte que você não entendia.
-Qual é essa parte?
-A parte que só de pensar em te ter longe da minha vida, meus pés ficam sem chão, é como se meu mundo caísse em mil fragmentos.
-E quanto a parte de nossas diferenças, de estarmos empurrando com a barriga? –como sempre ele reage desconfiado.
-Realmente, algumas vezes empurramos sabe? Mas enquanto o nosso coração estiver no comando, pulsando forte, temos jeito.
Ele pega minha mão e coloca sobre seu peito esquerdo, e fala:
-Está sentindo isso?
-Tô.
-Então, se depender da resposta do meu coração quando estou perto de você, temos jeito.
Ele então, sem pedir licença me beija. Percebendo que ali era meu lugar, e que enquanto tivesse amor, tudo tinha jeito, até mesmo nós dois.

P.S: Hoje acordei com uma vontade enorme de escrever, então essa história surgiu. Confesso que meu amigo Ricardo Yokoyama despertou em mim novamente o espirito de escritora, até então adormecido em uma conversa no meio da aula de redação, então meu querido amigo, dedico esse post a você, e é claro a todos os seguidores do blog, grande beijo ;*                                    
                                                                                                          Juliana Santiago